quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Padrões de Gerenciamento de Projetos - PRINCE2, ISO 21500:2012 e PMBOK

2      PADRÕES PARA GERENCIAMENTO DE PROJETOS


Dentre os padrões mundiais para gerenciamento de projetos, os mais conhecidos são PMBOK®, PRINCE2™ e ISO 10006:2003(ISO 21500:2012).
O padrão alemão ZOPP será abordado em uma atualização futura deste post.

2.1           PRINCE2™


PRINCE2™ (PRojects IN Controlled Environments) [1] é um padrão para gerenciamento de projetos desenvolvido e usado extensivamente pelo governo do Reino Unido e no setor privado internacional.
O PRINCE2™ surgiu em 1989 a partir do PROMPTII, o qual por sua vez, foi criado em 1975 (através de iniciativas da Central Computer and Telecommunications Agency do Reino Unido), tendo sido adotado em 1979 como padrão para gerenciamento dos projetos de sistemas de informação governamentais do Reino Unido. O PRINCE2™ foi lançado como um padrão para gerenciamento de projetos pelo governo britânico em 1996.
O padrão PRINCE2™ isola o gerenciamento do projeto (ex.: aspectos ligados ao escopo, tempo, custo, qualidade, riscos, benefícios, tolerâncias, etc.) das contribuições especializadas (o esforço para realizar o produto, ex: design, construção, etc.). Assim, os métodos de produção que envolvem aspectos especializados são facilmente integrados com o método PRINCE2™, formando um framework completo para o projeto.
 Este padrão é composto por um conjunto de princípios, um conjunto de temas de controle, um ciclo de vida dos processos e orientações no uso do método com a adequação ao ambiente do projeto. É um padrão adaptável a qualquer tipo ou tamanho de projeto, cobrindo o gerenciamento, o controle e a organização. Um projeto PRINCE2™ tem as seguintes características:
         Controle e organização do início ao fim;
         Revisão de progressos baseado nos planos e no business case;
         Pontos de decisão flexíveis;
         Gerenciamento efetivo de qualquer desvio do plano;
         Envolvimento da gerência e das partes interessadas em momentos-chave durante toda a execução do projeto;
• Canais de comunicação otimizados entre a equipe do projeto e o restante da organização.
Os princípios são orientações obrigatórias e boas práticas que determinam se o projeto está sendo genuinamente gerenciado de acordo com o método PRINCE2™. São sete princípios:
1.     Justificativa contínua do negócio (Business Case).
2.     Aprendizado com a experiência.
3.     Papéis e responsabilidades definidos.
4.     Gerenciamento por estágios.
5.     Gerenciamento por exceção.
6.     Foco no produto.
7.     Adequação ao ambiente do projeto.

Sem a aplicação de qualquer um dos princípios acima, o projeto não estará utilizando o padrão PRINCE2™ em sua totalidade.
Os temas descrevem aspectos do gerenciamento de projeto que devem ser tratados continuamente e em paralelo ao longo de toda a duração do projeto. Também são sete temas:
·         Business Case.
·         Organização.
·         Qualidade.
·         Planos.
·         Risco.
·         Mudança.
·         Progresso.


Estes temas explicam o tratamento do PRINCE2™ para as várias áreas de gerenciamento de projetos.



Figura 3- O ambiente do projeto segundo o padrão PRINCE2.

Os processos são percorridos de acordo com as etapas ao longo do ciclo de vida do projeto. São sete os processos:
1.     Starting Up a Project (SU).
2.     Directing a Project (DP).
3.     Initiating a Project (IP).
4.     Managing a Stage Boundary (SB).
5.     Controlling a Stage (CS).
6.     Managing Product Delivery (MP).
7.     Closing a Project (CP).

Abaixo, temos um modelo adaptado do framework PRINCE2TM:



Figura 4- Diagrama adaptado do framework PRINCE2.

Cada processo fornece listas de verificação de atividades, com recomendações de produtos (de gerenciamento de projetos (ex.: business case), de descrição de produtos, de relatórios, de registros, de notas de lição e outros) e as responsabilidades relacionadas.
A adequação ao ambiente particular do projeto é proporcionada pelo PRINCE2™ através de um framework flexível que pode ser ajustado a qualquer tipo e porte de projeto. O PRINCE2™ não é uma solução de tamanho único, mas sim um framework flexível que pode ser adequado a qualquer tipo e porte de projeto.
Como benefícios da utilização do padrão PRINCE2™, podem ser citados os seguintes:
§  Incorporação de práticas de governança em projetos estabelecidas e comprovadas como melhores práticas;
§  Possibilidade de aplicação em qualquer tipo projeto e em qualquer tipo de organização;
§  Amplo reconhecimento e aceitação no cenário internacional com planos baseados nas necessidades das equipes de projetos;
§  Promoção de uma linguagem comum, possibilitando um vocabulário único a todos os participantes do projeto e estabelecimento de comunicação efetiva;
§  Promoção do reconhecimento explícito dos Papéis e Responsabilidades. Dessa forma os participantes compreendem os papéis e necessidades de cada um, permitindo a existência de uma estrutura definida para responsabilização, delegação, autoridade e comunicação.
§  Direcionamento no foco do Produto (entregas), que clarifica (para todas as partes interessadas) o que o projeto irá entregar, o porquê, quando, por quem e como. Com esse foco estabelecido, os planos são desenhados para satisfazer os diferentes níveis da equipe, melhorando a comunicação e o controle;
§  Implementação da Gestão por Exceção (uma de suas bases), que possibilita a eficiência e eficácia na utilização do uso e suporte da gestão executiva;
§  Estabelecimento de estratégias baseadas nos critérios de viabilidade/executabilidade do Business Case, de forma a consolidar os benefícios do projeto;
§  Possibilidade de aprendizado e melhoria contínua, promovendo o aumento da Maturidade no Gerenciamento dos Projetos;
O programa de certificação para o padrão PRINCE2™ é globalmente gerido pelo APM Group[2]. As duas principais certificações são: PRINCE2 Foundation e PRINCE2 Practitioner. Aproximadamente 1.500 pessoas prestam, mensalmente, os exames de certificação em mais de 120 centros de treinamento credenciados PRINCE2™ pelo mundo, inclusive no Brasil.
Atualmente o PRINCE2™ é adotado como padrão para todos os projetos do governo britânico e amplamente utilizado pela iniciativa privada na Europa, África, Oceania e Estados Unidos da América. Considerado um dos métodos de gerenciamento de projetos mais utilizado no mundo, conta com mais de 250 mil profissionais certificados,
No Brasil, a metodologia PRINCE2™ já vem sendo utilizada por diversas organizações e profissionais, sendo crescente a sua adoção como método de gerenciamento de projetos.

2.2           ISO 10006:2003 e ISO 21500:2012


A ISO 10006:2003 (Quality Management: Guidelines to Quality in Project Management) é uma norma desenvolvida pela ISO[3] específica para gerenciamento de projetos. A norma ISO 10006:2003 não é um guia para "gerenciamento de projetos" em si, mas uma orientação sobre a qualidade necessária nos processos de gerenciamento de projetos.
A orientação na qualidade de processos de gerenciamento dos projetos, segundo a ISO 10006:2003 deve buscar assegurar, entre outros objetivos:
         Que as necessidades dos clientes sejam entendidas e entregues;
         Que as necessidades dos stakeholders (partes interessadas) sejam compreendidas e avaliadas;
         Que a política de qualidade seja incorporada à gerência da organização, tendo como norte os objetivos estratégicos e a busca de resultados.
A norma ISO 10006:2003 aborda o gerenciamento de projetos, mas como a própria norma diz, não é um guia mas a reunião de diretrizes que devem ser usadas para manter a qualidade em projetos. Essas diretrizes podem ser adaptadas para atender a um projeto em particular e/ou específico. É aplicável a projetos de complexidade variada, pequenos ou grandes, de curta ou longa duração, em diferentes ambientes, e independentemente do tipo de produto ou processo envolvido.
A ISO 10006:2003 classifica os processos de gerenciamento de projetos em:
1.      Processo estratégico
2.      Processos de gerenciamento de interdependências
3.      Processos relacionados ao escopo
4.      Processos relacionados ao tempo
5.      Processos relacionados ao custo
6.      Processos relacionados aos recursos
7.      Processos relacionados ao pessoal
8.      Processos relacionados à comunicação
9.      Processos relacionados ao risco
10.  Processos relacionados aos suprimentos
A ISO 10006:2003 é um documento de orientação, não se destinando a ser utilizada para fins de obtenção de certificação/registro.
Uma vez que o gerenciamento de projetos continua crescendo e ganhando reconhecimento mundialmente, a ISO determinou que um novo padrão internacional era necessário.
A norma ISO 21500:2012 (Guia para o Gerenciamento de Projetos) foi desenvolvida a partir de 2007 e finalizada em 2012, e representa a modernização da norma ISO 10006:2003. No Brasil foi publicada como ABNT[4] NBR ISO 21500:2012 – Orientações para o Gerenciamento de Projetos.
A ABNT NBR ISO 21500:2012 propõe dar suporte na transferência de conhecimentos entre projetos e organizações, resultando na melhoria das entregas dos projetos e ainda:
·         Facilitar processos de concorrência mais eficientes, especialmente em grandes projetos internacionais através do uso de terminologia de gerenciamento de projeto consistente;
·         Permitir que as organizações multinacionais coordenem seus sistemas e processos de gerenciamento de projetos;
·         Facilitar a mobilidade do pessoal de gestão de projetos e a sua capacidade para trabalhar em projetos internacionais;
·         Fornecer um quadro de princípios genéricos de gerenciamento de projeto e processos que poderiam ser desenvolvidos para o avanço da profissão de gerenciamento de projeto e das organizações.




[1] PRINCE2® (Projects in Controlled Environment) – Para saber mais acesse: http://www.prince-officialsite.com/AboutPRINCE2/AboutPRINCE2.aspx
[2] O APM Group é um organismo internacional de acreditação, certificação e aplicação de exames especializada em certificação para indivíduos, organizações e softwares. – Para saber mais acesse:  http://www.apmgroupltd.com/
[3] ISO (International Organization for Standardization) – Para saber mais acesse: http://www.iso.org/iso/home/about.htm

[4] ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. Para saber mais acesse: http://www.abnt.org.br/default.asp


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2.3           PMBOK®


O PMBOK® é o padrão adotado pela Polícia Federal para o gerenciamento de seus projetos.
O Guia do Conhecimento em Gerenciamento de Projetos (Guia PMBOK®)[1] é um padrão reconhecido para a profissão de gerenciamento de projetos, que descreve normas, métodos, processos e práticas estabelecidas, sendo publicado e mantido pelo PMI. O Guia PMBOK® também serve como repositório das boas práticas adotadas na área de gerenciamento de projetos, fornecendo diretrizes para a gestão de projetos individuais.
Uma boa prática pode ser definida como uma ação gerencial que estabelece parâmetros para a boa condução de um projeto. Entretanto, o conhecimento e as práticas inerentes a estas ações gerenciais não devem ser aplicados indistintamente a todo e qualquer projeto. O uso de uma boa prática qualquer sempre deve levar em conta a sua adequação e grau de profundidade de aplicação em dado projeto.
O Guia PMBOK® foi publicado pela primeira vez pelo PMI como um white paper em 1983 (Project Management Journal), na tentativa de documentar e padronizar as práticas que são normalmente aceitas no gerenciamento de projetos. Este white paper foi revisado e atualizado entre 1984 e 1987, através de seis comitês temáticos do PMI, sendo publicado em 1987, na forma de um documento independente chamado “O conjunto de conhecimentos em gerenciamento de projetos”.
A primeira edição definitiva do guia foi publicada em 1996, seguida pela segunda edição no ano 2000. Em 2004, o Guia PMBOK® – 3ª Edição foi publicado com as maiores mudanças, considerando as edições anteriores. A 4ª Edição foi lançada em 2008. A última versão do Guia PMBOK® é a 5ª Edição, que foi publicada em abril de 2013 (em Inglês).
O Guia PMBOK® também fornece e promove um vocabulário comum (não exaustivo) para se discutir, escrever e aplicar o gerenciamento de projetos possibilitando o intercâmbio eficiente de informações entre os profissionais de gerência de projetos.
O guia PMBOK® é baseado em processos e subprocessos e procura descrever de forma organizada o trabalho a ser realizado durante o ciclo de vida de um projeto (é um guia e não uma metodologia), utilizando abordagem semelhante à empregada por outras normas como a ISO 21500:2012 e CMMI[2].
Os processos e grupos de processos descritos no PMBOK® se relacionam e interagem durante o ciclo de vida do projeto. A descrição de cada um destes processos é feita em termos de:
·         Entradas (documentos, planos, desenhos etc.);
·         Ferramentas e técnicas (que se aplicam às entradas);
·         Saídas (documentos, produtos etc.)
Em sua 5ª Edição (2013), o PMBOK® relaciona 47 processos de gerenciamento de projetos, distribuídos em 05 grupos de processos (Iniciação, Planejamento, Execução, Monitoramento e controle e Encerramento).

Tabela 1- Os 05 grupos de processos em gerenciamento de projetos e seus 47 processos - PMBOK (2013). Adaptação
INICIAÇÃO
4.1 Desenvolver Termo de Abertura
13.1 Identificar as Partes Interessadas (Stakeholders)

PLANEJAMENTO
4.2 Desenvolver Plano de Gerenciamento do Projeto
5.1 Planejar Gerenciamento do Escopo
5.2 Coletar Requisitos
5.3 Definir Escopo
5.4 Criar EAP – Estrutura Analítica do Projeto
6.1 Planejar Gerenciamento do Tempo
6.2 Definir Atividades
6.3 Definir Sequência de Atividades
6.4 Estimar Recursos das Atividades
6.5 Estimar Durações das Atividades
6.6 Desenvolver Cronograma
7.1 Planejar Gerenciamento dos Custos
7.2 Estimar Custos
7.3 Determinar Orçamento
8.1 Planejar Gerenciamento da Qualidade
9.1 Planejar Gerenciamento de Recursos Humanos do Projeto
10.1 Planejar Comunicação
11.1 Planejar Gerenciamento dos Riscos
11.2 Identificar Riscos
11.3 Realizar Análise Qualitativa
11.4 Realizar Análise Quantitativa
11.5 Planejar Respostas aos Riscos
12.1 Planejar Gerenciamento das Aquisições
13.2 Planejar Gerenciamento das Partes Interessadas (Stakeholders)

EXECUÇÃO
4.3 Dirigir e Gerenciar a Execução
7.4 Controlar Custos
8.2 Realizar Garantia de Qualidade
9.2 Mobilizar Equipe do Projeto
9.3 Desenvolver Equipe do Projeto
9.4 Gerir Equipe do Projeto
10.2 Distribuir Informação
12.2 Conduzir Aquisições
13.3 Gerenciar Engajamento das Partes Interessadas (Stakeholders)

MONITORAMENTO E CONTROLE
4.4 Monitorar e Controlar o Trabalho
4.5 Realizar Controle Integrado de Mudanças
5.5 Validar Escopo
5.6 Controlar Escopo
6.7 Controlar Cronograma
8.3 Controlar Qualidade
10.2 Relatar Desempenho
11.6 Monitorar e Controlar Respostas aos Riscos
12.3 Administrar Aquisições
13.4 Controlar Engajamento das Partes Interessadas (Stakeholders)
ENCERRAMENTO
4.6 Encerrar Projeto ou Fase
12.4 Encerrar Aquisições



[1] Project Management Book Of Knowledgement
[2] O CMMI (Capability Maturity Model Integration) é um modelo de referência da Universidade Carnegie Mellon, que procura estabelecer um modelo único para o processo de melhoria corporativo, integrando diferentes modelos e disciplinas.


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