quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Gerenciamento de Projetos - Histórico

1. GERENCIAMENTO DE PROJETOS

O Gerenciamento de Projetos surgiu como uma disciplina nos Estados Unidos da América. Seu precursor foi Henry Laurence Gantt, (1861-1919) especialista em técnicas de planejamento e controle, que criou e aperfeiçoou o gráfico de barra (Gráfico de Gantt) como uma ferramenta de gerenciamento de tarefas em projetos.
Henry Gantt associou-se às teorias de Frederick Winslow Taylor (1856-1915) considerado o “Pai da Administração Científica”, de quem foi assistente entre 1888 e 1894, quando trabalharam como engenheiros nas empresas Midvale Stell Company (Pennsylvania, EUA) e Bethlehen Stell Company (siderúrgicas que fabricavam componentes para locomotivas, estradas de ferro e armamentos para as forças armadas norte-americanas). Após o trabalho de ambos nestas empresas, Henry Gantt tornou-se consultor industrial e criou, na década de 1910, o gráfico de barras que leva seu nome.
O diagrama de Gantt é um gráfico usado para ilustrar o avanço das diferentes etapas de um projeto ou trabalho. Os intervalos de tempo representam o início e fim de cada etapa e aparecem como barras coloridas sobre o eixo horizontal de um gráfico. Nele podem ser visualizadas as tarefas, sua ordem de execução, bem como o tempo necessário para cumpri-las e o custo, se disponível.
O gráfico de Gantt teve papel fundamental no esforço de guerra dos Estados Unidos da América na Primeira Guerra Mundial (1914-1918), tendo sido a base da organização e controle da produção naval e de armamentos. Atualmente, o Gráfico de Gantt ainda é uma importante técnica de gestão, oferecendo uma ferramenta gráfica para o planejamento e controle de atividades e do progresso das etapas de um trabalho ou projeto. O gráfico de Gantt possui uma variação moderna, que é a técnica PERT.


Figura 1- Exemplo de Gráfico de Gantt

Além disso, o movimento da “Administração Científica”, encabeçado por Gantt e Taylor, entre outros, estabeleceu alguns conceitos básicos em gestão industrial, como:
·         Ênfase na eficiência industrial, eliminado acasos e acidentes na produção.
·         Sistemas de tarefas e bônus: Incentivos aos gerentes e trabalhadores para melhorias no sistema de produção e seus resultados.
·         A necessidade da responsabilidade social das empresas: O conceito de que as empresas têm obrigações para com o bem-estar da sociedade em que se inserem.
Foi a partir da década de 1950 que teve início a era moderna do gerenciamento de projetos. Antes disso, os projetos e seus fluxos de trabalho eram controlados utilizando-se basicamente os gráficos de Gantt, os conceitos de produção em linha de Henry Ford, o sistema Therblig de eficiência em projetos idealizado por Frank e Lilian Gilbreth, ferramentas como a régua de cálculo de Barth e técnicas informais de gestão.
No final da década de 1950, dois modelos matemáticos foram desenvolvidos para o moderno gerenciamento do trabalho em projetos:
·         Program Evaluation and Review Technique – PERT[1], desenvolvido em 1958 pela consultoria Booz, Allen como parte do programa de construção do míssil balístico mar-terra Polaris da Marinha dos EUA, em conjunto com a empresa Lockheed Corporation;
·         Critical Path Method – CPM[2], desenvolvido em 1957 pela empresa de consultoria Remington Rand Corporation, para projetos de manutenção das plantas industriais da DuPont Corporation. A técnica CPM (Método do Caminho Crítico) foi desenvolvida para reduzir os crescentes custos e o tempo exigido para levar novos produtos do estágio da pesquisa à produção.
O PERT foi criado em 1958 pela empresa de consultoria Booz, Allen e Hamilton, em conjunto com a empresa Lockheed Corporation, para o Departamento de Defesa dos Estados Unidos da América como parte do projeto Polaris, que foi uma resposta direta à crise Sputnik.
A técnica PERT (Program Evaluation and Review Technique) consiste em uma ferramenta de estimativas de duração para um projeto baseada na atribuição de durações possíveis para cada uma das atividades que compõem um cronograma: otimista (O), mais provável (MP) e pessimista (P). Através da média ponderada dessas três estimativas obtém-se o valor PERT calculado. A fórmula PERT indicada pelo PMBOK® é: Duração esperada = [O + (4*MP) + P] / 6.
É importante ressaltar que PERT apesar de usar a matemática não é uma técnica de estimativa paramétrica, isto é, uma técnica de estimativa que usa a relação estatística entre os dados históricos e outras variáveis para calcular a estimativa, e sim uma técnica por analogia, pois os três valores estimados são obtidos, por exemplo, baseados na experiência de especialistas e levando em consideração a incerteza e os riscos do projeto.
Estas técnicas e suas sucessoras, geralmente conhecidas como PERT/CPM[3], transformaram-se em um dos pilares do moderno Gerenciamento de Projetos, sendo utilizados por diversas organizações desde então.


Figura 2- Gráfico de rede PERT para um projeto de 07 meses com cinco marcos (10 até 50) e seis atividades (A até F). Fonte:http://pt.wikipedia.org/wiki/PERT
O gerenciamento de projetos pode ser definido como a aplicação de conhecimentos, habilidades, atitudes, ferramentas e técnicas às atividades de planejamento, condução e controle de um projeto a fim de atender seus requisitos. Além disso, o gerenciamento de projetos, segundo o PMBOK® (2008), é realizado por meio da aplicação e da integração dos seguintes grupos de processos: iniciação, planejamento, execução, monitoramento/controle e encerramento ao longo do ciclo de vida do projeto.
Em outras palavras, gerenciar projetos também pode significar a articulação com instituições e pessoas de um conjunto de atividades coordenadas e alinhadas ao sucesso de um empreendimento, no intuito de garantir a entrega do que foi solicitado, de acordo com o escopo, o custo, os requisitos e os prazos previstos, de forma a atender às expectativas dos demandantes.
Não existe uma receita ou um conjunto de atividades padrão que garantam o perfeito êxito de um projeto, porém, é possível destacar as 05 (cinco) principais diretrizes da boa condução de um projeto:
         Comunicação: A troca de informações eficaz e eficiente entre os envolvidos, em todas as fases do projeto;
         Coordenação: Necessidade de liderança forte com habilidades apropriadas à função de gerente do projeto;
         Escopo: É o foco (objetivo) em produtos e serviços claros e tangíveis, a serem entregues nas várias fases do projeto (entregas definidas e exeqüíveis);
         Método: Sistematização de metodologias e ferramentas de gerenciamento de projetos e.
         Simplicidade: Existência de processos de gerenciamento de projetos simples e adequados às práticas e à cultura da organização que os envolve.
Gerenciar um projeto é um empreendi­mento, por sua natureza, cheio de incertezas e mudanças. Comunicação e distribuição das informações, desde o início do surgimento da idéia do projeto, deverão ser essenciais para convergência dos esforços de todos os envolvidos nos objetivos do projeto. A existência de uma coordenação definida, que lidere, oriente e dirija todos os envolvidos no projeto minimizará ou evitará a dispersão de comando, necessidades de retrabalhos ou surgimento de lideranças dissidentes que afetem negativamente os resultados do projeto. Toda idéia deve convergir para um objetivo, manter o foco (escopo) nos resultados do projeto concentrará energias e evitará perdas de tempo e gastos desnecessários. O gerenciamento do projeto deve ser realizado com mé­todo, onde o seguimento de padrões e linguagem uniforme manterá e finalizará o projeto dentro das expectativas de custo, tempo e qualidade, principalmente quando tratamos de projetos de grande vulto (financeiro ou temporal). O uso de práticas de gerenciamento simples, moldadas à maturidade da organização e voltadas para resultados aumentará o número de projetos finalizados e evitará que o uso de métodos complexos torne projetos simples inexeqüíveis.
Atualmente, a área de gerenciamento de projetos envolve aspectos e técnicas organizacionais (PDCA, 5W2H, Brainstorming, GVA, GQT, Seis Sigma, Benchmarking, Matriz RACI, Matriz de Riscos, Análise SWOT, Análise de Probabilidade, Licitação, Pesquisa de opinião e Auditoria) e comportamentais (Liderança, Ética, Comunicação, Negociação, Conhecimento e Interpessoalidade).



[1] PERT (Program Evaluation and Review Technique: É o cálculo a partir da média ponderada de 3 durações possíveis de uma atividade (otimista, mais provável e pessimista). A rede PERT é probabilística e o CPM é determinístico.

[2] CPM (Critical Path Method) ou Método do Caminho Crítico: Num diagrama de rede de tarefas é a seqüência de atividades mais longa do início até o término do projeto. Possibilita identificar um conjunto de atividades ou tarefas críticas do projeto, ou seja, aquelas em que, se houver atraso, provocam atraso na execução de todo o projeto. Representa o tempo mínimo possível de duração de um projeto.
[3] PERT (Program Evaluation and Review Technique) é o cálculo a partir da média ponderada de 3 durações possíveis de uma atividade (otimista, mais provável e pessimista). A rede PERT é probabilística e o CPM é determinístico.

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1.1 IPMA

Criada em 1965, a IPMA (International Project Management Association) é uma instituição sem fins lucrativos, cujo objetivo é promover internacionalmente o Gerenciamento de Projetos. A IPMA foi criada com o nome Internet, como fórum de troca de experiências entre gerentes internacionais de projetos. Sua primeira conferência internacional ocorreu em 1967, em Viena, Áustria. O nome Internet foi alterado para IPMA em meados da década de 1970.
A IPMA atualmente é uma Federação com mais de 55 associações nacionais membros (MA) nos 05 continentes, que desenvolvem competências de gerenciamento de projetos em suas áreas geográficas de influência, interagindo com milhares de profissionais e no desenvolvimento de relações com empresas, agências governamentais, universidades e faculdades, bem como organizações de formação técnica e empresas de consultoria.
A IPMA promove o desenvolvimento de competências em gerenciamento de projetos para indivíduos, equipes de projeto, empresas, organizações e agências governamentais em todo o mundo através das seguintes iniciativas:
         Certificação de gerentes de projetos em uma ampla gama de funções específicas;
         Ações de destaque, melhoria e aumento das competências comportamentais e contextuais de todas as partes interessadas em projetos e programas;
         Reconhecimento e premiação da excelência de gerentes de projetos, equipes de projetos e projetos de pesquisa;
         Avaliação e certificação da maturidade em gerenciamento de projetos de organizações em geral;
         Fornecimento de suporte básico e avançado na educação e aprendizagem em gerenciamento de projetos;
         Reconhecimento e desenvolvimento das competências de jovens profissionais emergentes na área de gerenciamento de projetos (Young Crew) [1] e;
         Oferecer publicações distintas e úteis de gerenciamento de projetos.
No Brasil, a IPMA é representada pela IPMA Brasil[2].


1.2 PMI

O PMI (Project Management Institute)[3], atualmente é uma das maiores instituições internacionais dedicadas à disseminação do conhecimento e ao aprimoramento das atividades de gestão profissional de projetos.
Em 1969, no auge dos projetos espaciais da NASA, um grupo de cinco profissionais de gestão de projetos, da Philadelphia, Pensilvânia - EUA, se reuniu para discutir as melhores práticas na condução de grandes projetos (da indústria de software à de construção), e Jim Snyder fundou o PMI (Project Management Institute).
Em 1976, durante o congresso e seminários do PMI, em Montreal, Canadá, iniciou a discussão de como as melhores práticas em gerenciamento de projetos poderiam ser documentadas.
Em 1981, os diretores do PMI autorizaram o desenvolvimento dos procedimentos e conceitos necessários para dar suporte aos gerentes de projetos, com três linhas de atuação (ética profissional, padrões de conhecimentos e critérios de certificação) cujos resultados foram publicados em um relatório especial do Project Management Journal[4] em 1983. O relatório foi revisado e atualizado entre 1984 e 1987, através de seis comitês temáticos do PMI, sendo publicado em 1987, na forma de um documento independente chamado “O conjunto de conhecimentos em gerenciamento de projetos”.
A publicação do Guia PMBOK® (A Guide to the Project Management Body of Knowledge) em 1996, representou o término de um projeto (iniciado em 1991) de revisão, atualização e consolidação dos conhecimentos em gerenciamento de projetos, contendo os padrões e as linhas mestras das práticas que passaram a ser amplamente utilizadas.
O PMI está organizado em divisões chamadas Capítulos. Cada Capítulo atua em determinada área geográfica. Atualmente o PMI possui 256 capítulos em 184 países, sendo que no Brasil existem 13 capítulos[5].
As áreas de atuação do PMI dividem-se em:
         Certificações: O PMI oferece seis certificações que atestam conhecimento e competência em gerenciamento de projetos, dentre as quais, a de Profissional em Gerenciamento de Projetos (PMP)®.
         Padrões Globais: O PMI conta com 12 padrões para gerenciamento de projetos, programas e portfólios. Esses padrões procuram estabelecer uma linguagem comum para o gerenciamento de projetos em todo o mundo, dentre os quais está o PMBOK®.
         Formação e Educação: O PMI oferece uma ampla gama de oportunidades de desenvolvimento profissional, desde seminários, congressos, cursos de ensino a distância (E-learning) e outros eventos do PMI.
         Pesquisa: O Programa de Pesquisa do PMI, promove a ciência, a prática e a profissão de gerenciamento de projetos, através de pesquisas, simpósios e  publicações em geral.
         Capítulos e Comunidades de Prática: A maioria das atividades do PMI acontece em mais de 256 capítulos e 30 comunidades de prática. Essas comunidades, abertas a membros do PMI e dirigidas por voluntários, dão suporte para a troca de conhecimento e para redes de trabalho, pontos centrais da nossa missão.






[1] A Young Crew é uma iniciativa internacional da IPMA em busca dos novos profissionais que chegam ao mercado com anseio de conhecimento e de desenvolver as competências em gestão de projetos. Para saber mais acesse: http://www.ipmabrasil.com/a-young-crew
[2] IPMA Brasil. Para saber mais acesse: http://www.ipmabrasil.com/
[3] PMI (Project Management Institute ). Para saber mais acesse: http://brasil.pmi.org

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