quinta-feira, 3 de outubro de 2013

O que é projeto, subprojeto, programa e portfólio de projetos

3       PROJETO


Para o PMBOK® (2008), “projeto é um esforço temporário empreendido para criar um produto, serviço ou resultado exclusivo”.
De acordo com a Metodologia de Gerenciamento de Projetos do Sistema de Administração dos Recursos de Tecnologia da Informação (MGP-SISP) [1] do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG) do Brasil, “projeto é um empreendimento planejado, orientado a resultados, possuindo atividades com início e término, para atingir um objetivo claro e definido. Os projetos são empreendidos em todos os níveis organizacionais podendo envolver uma ou múltiplas unidades”.
Tanto na definição apresentada pelo PMBOK® (2008), quanto na acepção do Ministério do Planejamento, o conceito de projeto considera a existência de um esforço predefinido relacionado a um produto ou serviço a ser entregue. Os projetos podem ser classificados quanto ao tamanho, complexidade e grau de sua incerteza.
Cabe destacar que a natureza temporária de um projeto não está, necessariamente, relacionada ao fato de ter curta duração, mas, à existência de um início e um fim definidos e associados ao alcance dos objetivos do projeto. Além disso, o termo temporário não se refere ao produto, serviço ou resultado criado pelo projeto, pois a maioria dos projetos tem o objetivo de criar um resultado duradouro.
Conclui-se, então, que projeto pode ser definido como um esforço planejado, com início e fim definidos, em função de um problema, oportunidade ou interesse, caracterizado por criar algo novo, único ou singular, sendo feito por pessoas e sofrendo restrições, principalmente de tempo e custo e podendo ser planejado de forma progressiva. O esforço singular e planejado de um projeto não se confunde com as atividades rotineiras da organização, as quais se repetem periodicamente desenvolvendo resultados similares a cada novo ciclo.
O término de um projeto está associado à efetivação das entregas (produtos ou serviços) que foram previstas em seu planejamento (objetivos e escopo) ou quando se concluir que tais objetivos não poderão ser alcançados por algum motivo ou ainda, quando os interessados no projeto concluírem que o mesmo não é mais necessário.
Um projeto possui elementos com as seguintes características:
·         Objetivos determinados – alinhamento estratégico (O quê?);
·         Abrangência definida – escopo (Como?);
·         Prazo delimitado – prazo (Em quanto tempo?);
·         Recursos específicos – custos (Quanto vai custar?); e
·         Responsabilidade de execução definida – partes interessadas (Quem?);
·         Riscos identificados – riscos (O que pode dar errado?).
Objetivos determinados – alinhamento estratégico (O quê?): Esta característica se relaciona com o atendimento das necessidades do negócio da organização. Uma necessidade pode ser baseada em uma demanda de mercado, mutação organizacional, avanço tecnológico ou marco legal. O objetivo do projeto deve estar alinhado ao planejamento estratégico da organização, deve ser passível de mensuração e conter critérios de sucesso relacionados.
Abrangência definida – escopo (Como?): Esta característica se relaciona com os passos necessários para que os objetivos do projeto sejam atingidos. O escopo é composto da relação das entregas a serem realizadas, do trabalho necessário para atendimento dos objetivos e do nível de qualidade exigido de tais entregas. O escopo também inclui explicitamente o que não será feito no projeto para nivelamento das expectativas dos interessados e orientação de alto nível da equipe do projeto.
Prazo delimitado – prazo (Em quanto tempo?): Esta característica se relaciona com o tempo necessário para consecução do trabalho envolvido em cada entrega e no projeto como um todo. Seu resultado é o cronograma do projeto. Entretanto, para se chegar ao cronograma, é necessária a prévia definição das atividades envolvidas em cada entrega, o seqüenciamento, ordenamento e quantificação temporal dessas atividades. Por fim, alinhado ao cronograma, temos também a relação dos recursos necessários para consecução de suas atividades.
Recursos específicos – custos (Quanto vai custar?): Esta característica se relaciona com as estimativas e o próprio gerenciamento dos custos envolvidos para efetivação de cada entrega e do projeto como um todo. Os custos do projeto podem ser influenciados pelas variações e interesses do mercado, política governamental, fatores de risco inerentes ao projeto e pelo próprio tempo de duração do projeto (“Tempo é dinheiro!”). Seu resultado são as avaliações quantitativas dos prováveis custos vinculados a cada entrega, os orçamentos mais realistas possíveis e as medidas efetivas rotineiras de controle do orçamento para evitar a extrapolação dos valores planejados.
Responsabilidades de execução definidas – partes interessadas (Quem?): Esta característica se relaciona com a organização e gerenciamento da equipe do projeto e das demais partes interessadas, onde são definidos papéis e responsabilidades na execução das entregas e coordenação dos trabalhos de forma integrada. Também pode envolver ações necessárias à mobilização e desenvolvimento da equipe do projeto, como recrutamentos e capacitações, bem como gerenciar o desempenho e conflitos do trabalho dos membros envolvidos no projeto.
Riscos identificados – riscos (O que pode dar errado?): Esta característica se relaciona com a identificação e monitoramento, de forma contínua, das ameaças e das oportunidades que podem impactar os objetivos e resultados do projeto (riscos). Envolve também a criação de estratégias e respostas que aumentem a probabilidade e o impacto dos eventos positivos e diminuam a probabilidade e o impacto dos eventos negativos que influenciam os resultados de um projeto. Os riscos são inerentes à natureza de um projeto, derivando das incertezas do ambiente do projeto e de seus próprios requisitos.

3.1           Subprojeto


Subprojeto é a parte menor de um projeto criada quando há a necessidade da subdivisão do esforço planejado em componentes mais facilmente gerenciáveis.
Um projeto, dependendo do tamanho e quantidade de entregas e atividades, pode tornar-se difícil de gerenciar. Um projeto de construção de um edifício, por exemplo, exigirá diversas entregas relativas à concepção arquitetônica, cálculo de estruturas, orçamentos de materiais e serviços, contratação da construtora, acompanhamento da execução e qualidade, cronograma de execução física e financeira, obtenção de licenças públicas e ambientais, marketing de vendas, etc. O controle centralizado, na forma de um único cronograma, com centenas de atividades pode facilmente sair do controle.
A divisão das atividades de um projeto em subprojetos permite a delegação de responsabilidades e possibilidade de vários gerentes atuarem de forma integrada. Dessa forma, o sucesso de determinado projeto está relacionado ao alcance dos objetivos dos subprojetos a ele vinculados.
Em termos de gerenciamento de projetos dividir um projeto em subprojetos distribui responsabilidades àqueles que efetivamente realizam o trabalho ou podem supervisioná-lo de forma mais direta, além de combinar a autoridade do gerente com prestação de contas em tempo real. A criação de subprojetos dentro de um projeto principal ajuda os gerentes de projetos a obter acesso às partes do cronograma e a ter controle sobre essas partes.
A eficiência e eficácia da atuação dos gerentes em subprojetos pode ser alavancada se tais gerentes puderem: saber como o trabalho de suas equipes impacta no projeto principal, planejar o trabalho de suas equipes e ser responsáveis diretos por entregas e atividades. Ou seja, informação, descentralização e responsabilização como aspectos de sucesso no trabalho com subprojetos.
Aspectos que devem ser considerados na decisão de decompor um projeto em subprojetos[2]:
  • Tamanho do projeto: Se o projeto contiver mais de algumas centenas de tarefas, decompô-lo em subprojetos poderá facilitar o gerenciamento. Se algumas partes do projeto incluírem um trabalho fragmentado em mais detalhes do que as demais, talvez faça sentido transformar essas partes em subprojetos, para que a maioria dos usuários veja somente uma descrição geral do subprojeto, mas para que os interessados possam ver o conteúdo com mais detalhes. Um único projeto quase sempre é a alternativa mais rápida, embora a capacidade de gerenciar cronograma, comunicações, riscos e contramedidas, expectativas das partes interessadas e aceites das entregas possa ser diminuída com a atuação de um único gerente.
  • Nível de descentralização da organização: Em um ambiente descentralizado ou distribuído, ter um projeto dividido em subprojetos pode proporcionar aos funcionários maior controle sobre os seus próprios trabalhos do que um único arquivo de projeto centralizado.
  • Nível de eficiência dos métodos de planejamento da organização: Se pessoas (gerentes em potencial) atuando em diferentes níveis na organização forem responsáveis por atividades específicas e souberem quais delas são necessárias no projeto, pode ser mais sensato permitir que eles planejem e executem o trabalho de suas equipes em subprojetos e consolidem seus cronogramas em um projeto principal. Se o planejamento "de cima para baixo" for a norma da organização, convém reorganizar o projeto inicial em subprojetos quando ele for implementado, de forma que equipes ou gerentes de projeto individuais tenham acesso aos seus próprios cronogramas e possam controlá-los, de forma compartimentada.
  • Hierarquia entre projetos: Alguns projetos podem estar subordinados ou relacionados a outros projetos. Desta forma, alguns projetos podem vincular-se a outros como subprojetos daqueles. A precisão desta hierarquia ou relação pode resultar em uma estrutura de projetos e subprojetos, que deve refletir as prioridades e as responsabilidades de cada área da organização, bem como os inter-relacionamentos entre atividades em diferentes áreas e o alcance temporal dos projetos.
  • Necessidade de várias pessoas modificarem um projeto: Os dados de um projeto devem ser administrados e modificados por um único gerente de projeto ou seu adjunto. No entanto, muitas vezes um projeto engloba um cronograma muito  extenso, em que pessoas em diferentes níveis na organização necessitam acessar, gravar ou alterar as informações do projeto. A divisão do projeto principal em subprojetos proporciona a organização do acesso de forma compartimentada e independente, proporcionando segregação no acesso e alteração das informações globais do projeto principal. Os membros das equipes dos subprojetos podem concentrar o foco no seu trabalho, visualizando apenas os dados referentes às suas atividades, enquanto o gerente do projeto principal pode coordenar o cronograma de cada equipe de subprojeto e o cronograma principal.

 


[1] A Metodologia de Gerenciamento de Projetos do SISP(MGP-SISP) é um conjunto de boas práticas em gerenciamento de projetos para os órgãos da administração pública. O SISP é o Sistema de Administração dos Recursos de Tecnologia da Informação, conforme decreto 7.579 de 11 de outubro de 2011. A Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação (SLTI) do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MP) do Brasil, é o órgão central deste sistema. Para saber mais, acesse: http://www.planejamento.gov.br/ministerio.asp?index=7


[2] Adaptado de: Planos dentro de planos: projetos mestres e subprojetos. Artigo em http://office.microsoft.com/pt-br/project-help/planos-dentro-de-planos-projetos-mestres-e-subprojetos-HA001226035.aspx


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4           PROGRAMA


Segundo o PMBOK® (PMI, 2008), programa é um grupo de projetos relacionados e gerenciados de modo coordenado para a obtenção de benefícios e controle que não estariam disponíveis se eles fossem gerenciados individualmente.
No entanto, para o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MP), Programa “é o instrumento que articula um conjunto de ações (orçamentárias e não orçamentárias) suficientes para enfrentar um problema, devendo seu desempenho ser passível de aferição por indicadores coerentes com o objetivo estabelecido.” (BRASIL, 2007, p.41). Para a MGP-PF os dois conceitos se complementam.
Segundo o PMBOK® (2008), “os gerentes de programas são responsáveis pelo gerenciamento de projetos relacionados de forma coordenada visando obter benefícios e controle não disponíveis quando gerenciados individualmente. Os gerentes de programas interagem com cada gerente de projetos para oferecer apoio e orientação em projetos individuais.”

5           PORTFÓLIO


Um portfólio refere-se a “um conjunto de projetos ou programas e outros trabalhos agrupados para facilitar o gerenciamento eficaz desse trabalho a fim de atingir os objetivos estratégicos de negócios”. (PMBOK®, 2008, p.439).
“Os projetos ou programas do portfólio podem não ser necessariamente interdependentes ou diretamente relacionados. Por exemplo, uma empresa de infraestrutura que tenha o objetivo estratégico de “maximizar o retorno sobre os seus investimentos” pode compor um portfólio que inclua uma mescla de projetos em petróleo e gás, energia, água, estradas, ferrovias e aeroportos. A partir dessa mescla, a empresa pode escolher gerenciar projetos relacionados como um programa. Todos os projetos de energia podem ser agrupados como um programa de energia. Da mesma forma, todos os projetos de água podem ser agrupados como um programa de água” (PMBOK®, 2008, p.08).




Figura 7- Imagem ilustrativa de portfólio de projetos, programas e outras ações

O gerente de portfólio é responsável pela governança de alto nível de um conjunto de projetos ou programas, que podem ou não ser independentes. Através de comitês ou individualmente, os gerentes de portfólio analisam e priorizam cada projeto de acordo com o investimento e recursos necessários, riscos associados, aderência ao planejamento estratégico, cenários prospectivos internos e externos e norteamento político da organização.
Esta priorização pode ser realizada anualmente, de forma a nortear e coincidir a busca por recursos com o ciclo anual do orçamento público e com o plano plurianual.
Na tabela abaixo, podemos verificar os níveis de atuação, em aspectos específicos, dos projetos, programas e portfólio.

Tabela 3- Resumo comparativo entre o gerenciamento de projetos, programas e portfólio. PMBOK® (2008)
ASPECTO
PROJETOS
PROGRAMAS
PORTFÓLIO
Escopo

Projetos possuem objetivos definidos. O escopo é elaborado progressivamente durante o ciclo de vida do projeto.

Os programas possuem um escopo maior e fornecem benefícios mais significativos.

Os portfólios possuem um escopo de negócios que muda com os objetivos estratégicos da organização.

Mudança

Os gerentes de projetos esperam mudanças e implementam processos para mantê-las gerenciadas e controladas.

Os gerentes de programas devem esperar mudanças tanto de dentro como de fora do programa e estar preparados para gerenciá-las

Os gerentes de portfólios monitoram continuamente as mudanças ocorridas no ambiente mais amplo da organização.

Planejamento

Os gerentes de projetos elaboram progressivamente planos detalhados no decorrer do ciclo de vida do projeto a partir de informações de alto nível.

Os gerentes de programas desenvolvem o plano geral do programa e criam planos de alto nível para orientar o planejamento detalhado no nível dos componentes.

Os gerentes de portfólios criam e mantêm comunicação e processos necessários ao portfólio global.

Gerenciamento

Os gerentes de projetos gerenciam a equipe do projeto para atender aos objetivos do projeto.

Os gerentes de programas gerenciam a equipe do programa e os gerentes de projetos; eles provêem visão e liderança global.

Os gerentes de portfólios podem gerenciar ou coordenar a equipe de gerenciamento de portfólios.

Sucesso

O sucesso é medido pela qualidade do produto e do projeto, pontualidade, conformidade orçamentária e grau de satisfação do cliente.

O sucesso é medido pelo grau em que o programa atende às necessidades e aos benefícios para os quais foi executado.

O sucesso é medido em termos do desempenho agregado dos componentes do portfólio.

Monitoramento

Os gerentes de projetos monitoram e controlam o trabalho de elaboração dos produtos, serviços ou resultados para as quais o projeto foi realizado.

Os gerentes de programas monitoram o progresso dos componentes do programa para garantir que os objetivos, cronogramas, orçamento e benefícios globais do mesmo sejam atendidos.

Os gerentes de portfólios monitoram o desempenho e os indicadores de valor agregado da carteira.

 

REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Secretaria de Planejamento e Investimentos Estratégicos. Manual de Elaboração: plano plurianual 2008-2011/ Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Secretaria de Planejamento e Investimentos Estratégicos. Brasília: MP, 2007.
PMI. Project Management Institute. Project Management Body of Knowledge - PMBOK, 4. ed., 2008.
ABPMP.  Association of Business Process Management Professionals. Guia para Gerenciamento de Processos de Negócio Corpo Comum de Conhecimento - BPM CBOK, v. 2.0, 2009.

Brasil. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação. Metodologia de Gerenciamento de Projetos do SISP / Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação. - Brasília: MP, 2011.

BPM CBOK - ASSOCIATION OF BUSINESS PROCESS MANAGEMENT PROFESSIONALS (ABPMP). Guia para Gerenciamento de Processos de Negócio - Corpo Comum de Conhecimento - Versão 2.0, 2009.

PRADO, Darci Santos do. Planejamento e Controle de Projetos. Série Gerência de Projetos. Nova Lima (MG), INDG, 2004.

Material preliminar do PMBOK® 5ª Edição - 2013 colhidos no website da Revista Mundo Project e no website do consultor Ricardo Vargas. Visitados em Dezembro de 2013.

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